O Região da Nazaré vai entrevistar, até às próximas eleições, todos os membros do executivo das Câmaras Municipais de Alcobaça e Nazaré. Para esta edição entrevistámos José Vinagre, vereador da Câmara Municipal de Alcobaça pelo PSD. José Vinagre representa o Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Alcobaça e tem os pelouros do desporto, protecção civil, desenvolvimento económico e gestão das zonas industriais. Entrevista de Tânia RochaRegião da Nazaré – Qual o balanço que faz do seu mandato?José Vinagre – Deste último acto eleitoral até agora, foi o período mais difícil para as autarquias, é um período de crise, de grande crise. Mediante esta crise internacional, que se alastrou até ao nosso país, começando a sentir-se desde 2001, mas que tem vindo a acentuar-se, há dificuldade financeira para se conseguir fazer os grandes projectos. Temos uma economia muito débil e as receitas da autarquia são inferiores, em relação aos mandatos anteriores, quando as aspirações das pessoas são superiores. No âmbito dos meus pelouros, vejo que as pessoas têm dificuldades e sei que não consegui apoiar as associações desportivas como elas ambicionavam. O concelho de Alcobaça é muito disperso, com quatro grandes pólos de desenvolvimento, nomeadamente a Benedita, Pataias, S. Martinho do Porto e Alcobaça. Isto requer uma gestão de verbas muito maior, obriga-nos a ter todas as grandes despesas vezes quatro, ou seja, se tivéssemos só um pólo, todo o desenvolvimento era direccionado para ele, neste caso, temos de desenvolver vários pólos. Com isto quero dizer que não temos as contrapartidas financeiras para um concelho tão exigente como é o de Alcobaça.
R.N. – A falta de verbas é a principal dificuldade que sente?J.V. – Não é a falta de verbas, é a insuficiência de verbas. A dificuldade está em administrá-las, de modo a repartir de igual modo por todos. R.N. – O que fez que tivesse mudado Alcobaça?J.V. – Tento ouvir todas as colectividades. Há uma comunicação muito boa, não só com todas as colectividades, mas também com todas as corporações de bombeiros. Temos apoiado todas as corporações e a nível desportivo temos alguns projectos para desenvolver. Em Alcobaça temos uma nova zona desportiva, temos três piscinas municipais, temos vários equipamentos desportivos que servem bem a comunidade, temos apoiado o ciclismo com provas nacionais, na área da natação também realizamos duas provas, uma nacional e outra internacional, também já tivemos o campeonato mundial de orientação, este ano vamos ter uma prova nacional, e temos também alguns atletas de âmbito nacional. Enfim, não temos os equipamentos ideais, é obvio que queríamos ter mais, mas neste momento é o possível.A nível dos Serviços Municipalizados fazemos o tratamento das águas em quatro Etares e este ano vamos receber água de Castelo de Bode. R.N. – Quais os pontos fortes e pontos fracos do seu desempenho? Como se avalia? J.V. – A interligação com as colectividades, acompanhamento e comunicação,e o apoio que damos às corporações de bombeiros são os pontos fortes. Um ponto fraco é o facto de ainda não terem aberto as candidaturas ao QREN, que vão permitir executar vários projectos que temos em mãos, nomeadamente, a implementação de mais saneamento básico e reformular algumas condutas de água, que já têm vários anos de uso. Os projectos estão feitos, falta o financiamento. Este é o ponto mais fraco, não ter as verbas que estávamos a contar para a concretização de tudo isto. Inicialmente, as candidaturas eram para abrir em 2007, depois passou para 2008, já estamos em 2009 e ainda não abriram. Não houve grandes obras, mas foram feitos alguns melhoramentos no equipamento de algumas colectividades. Relativamente à avaliação, é difícil fazermos uma avaliação a nós próprios, o que posso dizer é que tenho a consciência tranquila. Se gostava de ter feito mais? Claro que gostava. Agora, em ano de “vacas magras”, é difícil concretizarmos os projectos. Tenho muitos projectos, mas não tenho os financiamentos. R.N. – O que mais gostaria de fazer se tivesse oportunidade?J.V. – Concretizar a zona desportiva de Alcobaça e da Benedita. O meu grande objectivo neste momento, na área do desporto, é implementar mais equipamentos desportivos. Na área do saneamento, pretendia concretizar projectos que estão feitos, mas que aguardam a disponibilidade financeira. R.N. – O que acha que a população pensa de si, como político?J.V. – Não sou uma pessoa esbanjadora.A minha preocupação é as pessoas. Admiro os políticos que têm uma visão de grandes obras, mas eu prefiro acompanhar as pessoas com pequenas obras, do que com grandes construções, que a população não desfrute. Vivo muito o problema social das pessoas e acho que os munícipes reconhecem isso em mim. Preocupo-me com as dificuldades das pessoas. Preocupa-me obras que sirvam o todo. R.N. – Qual foi o seu percurso político?J.V. – Fui comerciante durante muitos anos. Aos 32 anos fui presidente da Junta da Freguesia da Benedita, em 1979. Nessa época, em colaboração com o presidente de Câmara da altura, conseguimos projectar a conduta de água de Alcobaça até à Benedita. Foi uma vitória de toda a equipa. Depoissaí e voltei à Junta de Freguesia em 1997, completando dois mandatos. Mais recentemente, nestas últimas eleições, o senhor presidente convidou-me para fazer parte da lista à Câmara Municipal de Alcobaça, como quinto elemento. A lista foi vencedora, conseguiu cinco elementos, e portanto, este foi o meu primeiro mandato como vereador.R.N. – Quer continuar como membro do executivo na Câmara Municipal?J.V. – Não sou candidato a presidente da Câmara, e como tal, são os candidatos que devem escolher a sua equipa, os elementos que os vão acompanhar. R.N. – Mais alguma coisa que queira acrescentar?J.V. – Aquilo que me preocupa actualmente é aquilo que sempre me preocupou. Somos um país sem recursos, temos de mudar de estratégia para desenvolver a nossa economia. Aqui em Alcobaça temos uma mão-de-obra excelente, pessoas qualificadas, com muitos conhecimentos técnicos, temos de estimar e acompanhar estas pessoas. Temos mão-de-obra suficiente, mas não se reúnem as condições para pôr estas pessoas a trabalhar. É necessário apoiar as empresas para aumentarmos o desenvolvimento económico. Tenho a sensação que o poder central descorou as pequenas e médias empresas. Tenho também uma grande vontade, desde 1998, em concretizar a zona de acolhimento empresarial da Benedita. Os anos estão a passar e ainda não vejo a concretização deste projecto. O futuro da nossa economia tem de ser muito bem repensado. Tem de haver uma parceria entre o Governo, os municípios e as empresas, para que toda esta situação que se vive no país possa mudar.
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