José Alberto Vasco escreveu “Uma História” do Cistermúsica

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Apresentação decorreu no dia de encerramento do festivalDavid MarianoDurante quinze anos só ele podia escrever uma história sobre o evento cultural mais relevante da cidade de Alcobaça e durante quinze anos só ele mais do que ninguém foi capaz de assistir a tantos concertos e espectáculos realizados durante as edições do Cistermúsica desde que o […]
José Alberto Vasco escreveu “Uma História” do Cistermúsica

Apresentação decorreu no dia de encerramento do festivalDavid MarianoDurante quinze anos só ele podia escrever uma história sobre o evento cultural mais relevante da cidade de Alcobaça e durante quinze anos só ele mais do que ninguém foi capaz de assistir a tantos concertos e espectáculos realizados durante as edições do Cistermúsica desde que o evento se iniciou em 1992. José Alberto Vasco tem sido não só o “fã n.º 1 do Cistermúsica” (título que ele invoca muito justamente para si) como o seu maior crítico (constituindo, não temos dúvidas, a pessoa que mais reflectiu e escreveu sobre o Festival de Música de Alcobaça). A iniciativa e a memória estiveram sempre com ele pela razão simples que ele sempre seguiu o Cistermúsica para todo o lado (e quando não podia ou era porque estava a dar uma perninha no Concurso de Música Moderna de Alcobaça – que saudades – ou porque estava naturalmente ausente de férias).

Quinze anos depois desta fidelíssima entrega foi então a vez de pôr tudo no papel já que no papel parece que faltava tudo: José Alberto Vasco (é dele que falávamos), musicólogo, opinion-maker e uma voz profunda no universo da cultura local e regional (onde além de ensaísta se tem afirmado como jornalista, fotógrafo, cinéfilo e melómano inveterado), sentiu por volta de 2005 o apelo de escrever “Uma História” do Cistermúsica. Tudo por causa desta mania muito portuguesa de negligenciar a memória e o registo histórico das coisas e essencialmente após observar que nem a Biblioteca Municipal de Alcobaça possuía os respectivos programas e brochuras de todas as edições do Festival.Isto poderia ser razão suficientemente grave e justificada para meter mãos à obra, mas a urgência do empreendimento ficou ainda mais clara quando José Alberto Vasco acabou por captar poucos meses mais tarde alguns erros publicamente ditos e escritos a respeito de uma História que ameaçava cair no esquecimento – ou pior do que isso, no puro devaneio das mentes negligenciáveis. À falta de informação e documentação escrita sobre o Cistermúsica ao longo dos tempos, José Alberto Vasco respondeu com o livro “Cistermúsica – Uma História”, cuja leitura o autor espera agora contribuir para uma melhor compreensão de uma parte bem importante da vida cultural do concelho.Nesse sentido, esta obra constitui não apenas um relevante instrumento de consulta como um singular trabalho de registo onde a maior particularidade do trabalho reside no facto de José Alberto Vasco, jornalista, ter igualmente constituído a mais segura e vasta “fonte” de José Alberto Vasco, autor. Tudo porque ao longo de quinze edições raros foram os jornalistas musicais e os órgãos de imprensa que publicaram apontamentos críticos sobre o Cistermúsica. Não é por acaso que grande parte dos capítulos deste livro recorrem à citação de textos escritos pelo próprio autor, publicados através da sua extensa colaboração jornalística em jornais como A Semana Cisterciense, A Voz de Alcobaça, Região de Cister, Jornal de Leiria, o jornal digital Tinta Fresca, a emissora Rádio Cister ou o blogue pessoal Nas Faldas da Serra.Quinze anos depois, o Cistermúsica tem uma história para contar porque finalmente teve um “guardião da memória” à altura para a escrever (sabendo nós que sem recuperar o passado dificilmente se apontará alguma vez o futuro). A edição desta obra chega, portanto, na altura certa, confirmando a utilidade que terá daqui para frente junto de todos os que a quiserem consultar. Foi esse um dos destaques, por exemplo, de Alexandre Delgado, director artístico do Cistermúsica, que durante a apresentação do livro no dia do encerramento do Cistermúsica (e que antecedeu o concerto dos Hilliard Ensemble no Mosteiro de Alcobaça) referiu como esta se trata de “uma ferramenta importante para os programadores do festival conhecerem o que foi feito e poderem ainda melhorar”. Que é outra forma de dizer: se a memória nunca trata de apagar os erros do passado, pode sempre apagar os do futuro.Cistermúsica encerra com Hilliard Ensemble A 16.ª edição do Cistermúsica não poderia ter encerrado da melhor forma: os Hilliard Ensemble apresentaram na Nave Central do Mosteiro de Alcobaça no passado dia 10 de Junho (o “Dia da Raça” como alguém nessa data referiu) uma actuação que entra directamente para a História do Festival como uma das mais féericas e concorridas pela assistência. Reconhecidos como um dos grupos corais clássicos mais categorizados do mundo (e percebeu-se naquele espaço porquê), este quarteto britânico mostrou como a voz humana pode ser um dos mais poderosos instrumentos musicais. Já se adivinhava que este poderia ser um dos espectáculos mais transcendentais desta edição (houve outros, mas já lá vamos) e confirmou-se, afinal estávamos no local certo para ouvirmos a música certa e cujo tema não poderia ser mais ajustado: “Arkhangelos, Música Cristã Antiga e Moderna das Tradições romana, Inglesa, Grega, Russa e Arménia”. Nunca as pesadas paredes do Mosteiro de Alcobaça nos pareceram tão leves graças a obras de James MacMillan, Jonathan Wild, Arvo Part ou Alexander Raskatov, entre outros, e nunca sentimos que até o voo da mais leve pena se poderia ouvir naquela tarde. À imagem do dia de inauguração (marcado pela presença da Orquestra Metropolitana de Lisboa e pelo maior grupo coral sinfónico de que há memória no Festival: o Coro Sinfónico Lisboa Cantat), o concerto reuniu perto de 400 espectadores, atingindo na totalidade 1300 espectadores ao longo da presente edição. Mas houve mais, casos do Mediae Vox Ensemble, um quarteto de vozes femininas que nos trouxeram o maravilhoso mundo medieval de Hildegard Von Bingen mais a sua música sacra (e talvez o momento em que mais perto estivemos do céu), o Ludovice Ensemble com música barroca e obras de Charpentier, Couperin, Bernier, Campra ou De Grigny, o Vocal Ensemble com música sacra da renascença e do Barroco a par de obras de Frei Manuel Cardoso e Johann Hermann Schein, o recital de canto da Soprano Lara Martins com poesia e música em torno de Verlaine, o David Trio que nos ofereceram clássicos com piano ou ainda o Ensemble Português de Trombones escolhido por Hugo Assunção.

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