“Tinta Fresca” promoveu conferênciaFuncionamento em rede para os Mosteiros de Alcobaça e da Batalha e Convento de Cristo de TomarConferência reuniu os três directores dos monumentos e o vice-presidente do IPPAR António Paulo Numa conferência realizada em Alcobaça, no passado dia 3 de Fevereiro, promovida pelo jornal digital “Tinta Fresca”, o director do Convento de Cristo de Tomar, Jorge Custódio, bateu-se pela “optimização” em conjunto dos três monumentos Património Mundial de Alcobaça, Batalha e Tomar, de modo a funcionarem turisticamente “em rede”. Jorge Custódio recuou a 1911, para relembrar que o estudioso da Sociedade de Propaganda de Portugal, Vieira Guimarães, lançou então um livro intitulado “A Trilogia Monumental – Alcobaça, Batalha e Tomar – e o Caminho de Ferro”, explicando que “a ideia de Vieira Guimarães era paradigmática para a altura, e embora a linha de comboio não tenha sido implantada, existe actualmente a perspectiva da construção do IC9, que vai unir as três localidades, e colocando-as numa rede que vai permitir a optimização destes equipamentos”.
Para além do director do Convento de Cristo, participaram neste encontro, os seus homólogos Rui Rasquilho pelo Mosteiro de Alcobaça e Júlio Órfão pelo Mosteiro da Batalha, dirigentes do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), entre os quais o seu vice-presidente, Henrique Parente, para além dos presidentes das três autarquias e representantes das Regiões de Turismo de Leiria/Fátima e dos Templários.A estratégia de funcionamento em “rede” será desenvolvida na base do novo conceito dinamizado pelo IPPAR de “preservar, divulgar e rentabilizar”, conforme sublinhou Rui Rasquilho, director do Mosteiro de Alcobaça. “Ensaiar algo de diferente”Na vertente da preservação, o elemento comum a todas as intervenções, incidiu sobre falta de verbas para a preservação dos edifícios. Em matéria de divulgação, os responsáveis pelos três monumentos sublinharam a necessidade de “atrair as gerações mais jovens”. Finalmente, no tocante à rentabilização, as soluções possíveis apontam para cedência de espaços e a celebração de parcerias com privados, para além das tradicionais receitas de bilheteira e das lojas do IPPAR. Falta de pessoal, ausência de acessibilidades para deficientes, pouca animação cultural, pouca adesão dos naturais ou residentes nas cidades onde se situam os monumentos, ausência de guias, bem como a sazonalidade das visitas, com os meses de Verão a destacarem-se dos restantes do ano, foram algumas das debilidades focadas pelos directores dos três monumentos, partilhadas com vice-presidente do IPPAR.Para solucionar algumas das fragilidades apontadas, Henrique Parente, defende que “o património deve ser motor de desenvolvimento local e toda a actividade que se desenvolva dentro destes espaços tem que ter parcerias com as entidades locais e sociedade civil, nomeadamente para iniciativas culturais”. Ao conceito de “preservar, divulgar e rentabilizar”, o responsável pelo IPPAR, apontou ainda como necessária a “requalificação da oferta turística” de uma região teste, para “ensaiar algo diferente”. E algo de diferente foi o que constatou, Gonçalves Sapinho, presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, ao sublinhar que “é a primeira vez que o IPPAR aparece para conversar, com uma nova abertura, comparecendo a uma iniciativa como esta”, sobretudo, “depois de muitos anos em que o diálogo foi muito difícil”. Sapinho defendeu ainda que a recuperação do Mosteiro de Alcobaça, “deverá ser efectuada de uma só vez e através de uma candidatura a fundos comunitários” e que “o monumento deverá ser aberto à sociedade civil”. Uma pretensão que Rui Rasquilho tem igualmente inscrita no seu plano de actuação para o Mosteiro de Alcobaça, ao dinamizar em Abril próximo a exposição “O tempo e a moda” em estreita colaboração com o Museu do Traje e com o comércio local. Em Agosto será promovida uma mostra de estatuário barroco e mais ou menos dois meses mais tarde, será a vez do Mosteiro cisterciense acolher uma parte da colecção de cerâmica de Vieira Natividade.
0 Comentários