Rogério Raimundo (à esquerda) com o candidato presidencial Jerónimo de SousaCandidato apoiado pelo PCP almoçou com apoiantes em AlcobaçaO candidato Jerónimo de Sousa esteve em Alcobaça em clima bem diferente do que rodeou o assalto à sede local do PCP nos “anos da brasa”António Paulo Num périplo de pré-campanha pelo distrito de Leiria realizado no passado dia 9 de Dezembro, o candidato presidencial Jerónimo de Sousa, fez uma escala em Alcobaça, onde almoçou com cerca de meia centena de apoiantes, na sua esmagadora maioria militantes do PCP. Esta foi uma curta deslocação do candidato presidencial e também secretário-geral do PCP que decorreu num clima de total tranquilidade, bem diferente do clima agitado dos “anos da brasa” em que as perseguições aos comunistas e os assaltos às sedes do PCP foram uma realidade, à qual Alcobaça não escapou.

Numa breve intervenção, Jerónimo de Sousa adiantou aos seus apoiantes que o PCP avançou para uma candidatura própria, por ter conhecimento desde há dois anos da preparação da candidatura de direita assistindo com preocupação à “postura resignada e conformada do PS face à inevitabilidade da eleição de Cavaco Silva”. De acordo com o candidato presidencial, uma outra razão da apresentação da candidatura própria do PCP teve que ver com o facto de “o Governo PS ser o resultado de uma maioria absoluta que reforçou a esquerda, mas que ao fim de oito meses, quebrou não só um compromisso eleitoral de promessas concretas ao nosso povo, como desbaratou esse capital de esperança e confiança que o povo lhe atribuiu nas eleições de 20 de Fevereiro”. O candidato comunista lembrou ainda os “perigos” que, na sua perspectiva “espreitam” por detrás da candidatura de Cavaco Silva, como por exemplo, o apelo de Pinto Balsemão para a instauração do presidencialismo em Portugal e o desejo expresso pelo “líder da extrema-direita parlamentar” de para uma revisão da Constituição. “Será que os grupos económicos estão enganados no apoio a Cavaco Silva?”, questionou o candidato. “A direita sempre considerou a Constituição um estorvo”, vincou Jerónimo de Sousa, salientando que “o Presidente da República não governa nem legisla, mas faz cumprir a Constituição”. “Esta candidatura é distinta de qualquer outra”, sublinhou Jerónimo de Sousa, acrescentando que “tendo em conta a realidade nacional, partindo dos problemas e da situação económica e social, da política gasta e regasta que levará ao agravamento dos problemas nacionais, uma das marcas distintivas desta candidatura, é que nós propomos a necessidade de uma ruptura democrática e de esquerda”. “Portugal é possível e tem futuro, apesar dos dois milhões de pobres” vaticinou o candidato, recordando que, incluindo a crise de 1385 e a Revolução Liberal de 1820, “foi sempre pelo povo e não com as classes dominantes que o País se afirmou”. Na sua deslocação a Alcobaça, Jerónimo de Sousa, foi acompanhado, entre outros apoiantes, pelo seu mandatário distrital para o distrito de Leiria, Luís Guerra Marques, Jorge Pires, membro do Comité Central do PCP, Jorge Amador, da DORLEI, Rogério Raimundo e Basílio Martins, autarcas na Câmara e Assembleia Municipal de Alcobaça.